Butantan revisará bula da CoronaVac após cidades de Goiás e de outros 11 estados reclamarem de frascos com menos doses
Butantan revisará bula da CoronaVac após cidades de Goiás e de outros 11 estados reclamarem de frascos com menos doses

Publicado 13/04/2021
Atualizado 13/04/2021
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O Instituto Butantan anunciou que vai revisar a bula da vacina CoronaVac após prefeituras de cidades goianas e de outros 11 estados relatarem receber menos doses do que a quantidade indicada nos frascos.

Cidades de Goiás comunicaram os problemas com as duas últimas remessas da vacina, na quinta-feira (8), segundo o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems).

O instituto afirma que pode haver perda de doses no processo de aspiração do líquido dentro do frasco, e o uso de seringas e agulhas não recomendadas também potencializam a perda do imunizante.

"A gente vai fazer uma revisão da bula orientando a seringa correta na utilização, além da técnica de aspiração correta, para orientar de forma mais rápida todos os profissionais de saúde. Os fatos levam a essa hipótese mais provável", explicou o gerente de qualidade do instituto, Arthur Nunes.
Os fracos são envasados, atualmente, com 5,7 ml de vacina. O profissional de saúde usa 0,5 ml para vacinar uma pessoa, o que deveria levar a uma sobra de 0,7 ml, o equivalente a uma dose extra. Mas a Prefeitura de Goiânia, entre outras no Brasil, narrou justamente o contrário.

"Nós já identificamos 4.016 doses em perdas por falta nos frascos. Está tudo documentado, justamente informado no sistema às autoridades competentes de tudo mais", disse o secretário municipal de Saúde da capital, Durval Pedroso.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse em nota que "observou um aumento de queixas técnicas relacionadas à redução de volume nas ampolas da vacina" e que "estes relatos estão sendo investigados com prioridade pela área de fiscalização".

A orientação do Ministério da Saúde é que todos os municípios que identificarem o problema registrem uma queixa técnica no site da Anvisa.

"Hoje, todas as vacinas saem com volume excedente e é testado lote a lote. Em grande parte desses lotes, a gente consegue tirar até 11 doses. A gente envasa o frasco com 5,7 ml e é para ter as 10 doses", esclarece Nunes.

Padronização
Existe uma padronização para o uso de seringas e agulhas, assim como a técnica de aspiração da vacina, conforme explica Nunes. Caso esse padrão seja descumprido, a perda de líquido pode ocorrer durante a vacinação.

"A gente entende que tem uma dificuldade de aquisição desses materiais por causa da pandemia e, basicamente, as salas de aplicação usam o que tem", esclarece o gerente do Butantan.

Em muitas vezes, segundo Nunes, as salas de vacinação usam seringa de maior volume para aspirar meio mililitro de vacina e isso agrega perda no processo.

"O instituto entende que precisa dar uma atenção e avaliar esses casos dessa não padronização das salas de aplicações", pontua Nunes.

Doses a menos
A Prefeitura de Salvador informou que recebeu cerca de 21.400 frascos da vacina Coronavac com rendimento inferior ao descrito no rótulo. Foram identificados frascos com rendimento de até seis doses.

No Paraná, pelo menos sete prefeituras identificaram a mesma situação. Segundo as prefeituras, os frascos com problema tiveram rendimento menor de aplicação, sendo suficientes para apenas nove doses.

O governo do Tocantins também confirmou que recebeu a informação por parte de alguns municípios de que fracos de vacinas contra a Covid-19 vieram com menos doses que o previsto.

Fonte: G1